Foto: João Justo / Arquivo Pessoal
O retorno, após quase uma década, do Festival de Balonismo a Santa Maria, que ocorre entre esta quinta (10) e o domingo (13), foi recebido com entusiasmo pela população santa-mariense.
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No primeiro momento, para a retomada, o festival será apenas um evento festivo e não contará com competições entre balões. Porém, segundo Rodrigo Zapper, piloto e um dos organizadores, a ideia é que as próximas edições contem também com torneios e premiações.
Mesmo assim, entre os nomes confirmados para o festival deste ano em Santa Maria, está o atual campeão brasileiro de balonismo. No cenário competitivo nacional, João Justo, 32 anos, conhecido como João do Balão, é a grande referência do momento.

Paixão de infância
Gaúcho, natural de Torres, no litoral norte do Estado, a história do piloto com os balões vem da infância.
– Eu venho de uma família muito pobre, desde muito pequeno vi os balões voando por cima da minha casa e tinha o sonho de poder ajudar. Com 10 anos, consegui ajudar uma equipe de balonismo pela primeira vez no Festival Internacional de Torres. Pulei a cerca do parque de balonismo e pedi para ajudar uma equipe, que era da Argentina. Eles deixaram e desde então nunca mais parei – conta João.
Com 22 anos, Justo se formou piloto de balão. A partir de então, começou a trabalhar com balonismo. A empresa João do Balão conta com uma frota de 12 balões, sendo que o maior pode levar até 28 pessoas, e realiza voos turísticos na cidade de Praia Grande, em Santa Catarina. A região, na fronteira com o Rio Grande do Sul, é conhecida pelos cânions dos parques nacionais da Serra Geral e de Aparados da Serra.
– Eu ouso dizer que é até mais bonito que a Capadócia – avaliou João, em comparação à região da Turquia, também famosa pelos voos de balões.

No lugar mais alto do pódio
Apesar de carregar o sonho de ser balonista desde pequeno, João afirma não ter sonhado em um dia ser campeão brasileiro.
– Para ser campeão brasileiro é preciso competir com os melhores e eu não era ninguém. Alguns anos atrás eu me perguntei “por que sempre os mesmos têm tanta sorte?”. Eu achava que tinha um pouco de sorte naquilo. Mas entendi que não. Vi que era estudar, se empenhar e investir. Foi aí que caímos de cabeça nisso – contou o balonista.
Com o investimento, veio o resultado. Ao todo, João coleciona até o momento cerca de 20 títulos, dentre eles, os mais importantes, o Campeonato Brasileiro de 2024 e o Tricampeonato Gaúcho.
Para João, a tão sonhada conquista nacional veio após cinco anos competindo no maior nível do balonismo no país. Esta foi a primeira vez na história que um piloto liderou a disputa do primeiro ao sexto e último dia de competição, que ocorreu em Boituva (SP), entre 11 e 16 de junho de 2024.
– Não caiu a ficha ainda, para falar a verdade – afirmou o balonista torrense, sobre ser campeão brasileiro.
Além dos títulos, também vieram as experiências pelo mundo. Em 2021, conquistou vaga para disputar o Campeonato Mundial Júnior, na Polônia. No ano seguinte, participou do Mundial principal, na Eslovênia.
– Tivemos alguns problemas com o balão. Acabou que o resultado não foi o esperado, mas estar lá já foi uma grande realização – avaliou João.
Atualmente, o gaúcho é o primeiro colocado do ranking brasileiro, que é atualizado a cada dois anos. Se fizer bom resultado no Campeonato Brasileiro deste ano, que ocorre em junho, mais uma vez em Boituva, João deve se manter entre os quatro melhores do país. Caso isso aconteça, ele conquistará vaga para o próximo Campeonato Mundial, em 2026, na Polônia.
Como funcionam as competições
Santa Maria não receberá as provas que fizeram de João Justo o atual campeão brasileiro. Porém, a expectativa é de que elas voltem a acontecer em futuras edições.
O balonismo competitivo tem diferentes formatos de provas, que variam de acordo com cada competição e seu nível de exigência. A mais comum é a prova de fly-in, que consiste em acertar uma “marca”, como é chamada pelos balonistas, em alvos normalmente dispostos em campos livres.
– É dada uma coordenada geográfica, de um determinado local onde é colocado um “X”. Aquele que conseguir jogar uma marca, que é uma fita de tecido com um pezinho de areia na ponta, mais perto do alvo, faz mais pontos. Quem obtém o melhor resultado faz mil pontos, enquanto a pontuação dos demais diminui de acordo com a distância – explicou João.
Outra prova bastante usual nas competições de balonismo tem dinâmica parecida.
– O Caça a Raposa é uma prova em que fazemos uma decolagem coletiva. O "balão raposa" decola cinco minutos antes dos demais. Em algum momento ele realiza o seu pouso e, à sua direita, coloca o “X” no chão. Cinco minutos depois, os outros balões são liberados. Quem jogar a marca mais próximo do alvo faz mais pontos – relatou o piloto.
Outra alternativa para esta prova é substituir o arremesso da marca pelo pouso mais próximo do "balão raposa".
O balonismo competitivo também conta com testes de grau mais elevado, como a prova do mastro, considerada por muitos como a mais difícil da modalidade. Neste caso, um prêmio (normalmente, uma chave) é colocado no topo de um mastro, no parque do evento. Os balões decolam a uma distância de no mínimo 2km. O objetivo da prova é agarrar a chave, em meio ao voo, sem que o balão toque o solo. Além disso, em competições de alto nível, há a existência de provas chamadas “virtuais”.
– São provas que temos que passar por alvos, determinados por coordenadas geográficas. Usamos GPS emarcamos o trajeto do nosso voo, para ver quem obtém os melhores resultados – contou João.

Em Santa Maria novamente
Essa não será a primeira vez de João na cidade. O torrense afirmou que participou de todos os eventos que ocorreram no município, mesmo quando não era piloto, no auxílio às equipes. O campeão brasileiro demonstrou entusiasmo com a volta do evento no céu santa-mariense.
– A cidade respira balonismo, porque é uma energia diferente. Voar, ver as crianças acenando para a gente, comemorando, felizes. Até o adulto volta a ser criança. Esse é o espírito. Estou muito contente, vai ser um retorno maravilhoso. E com certeza vai permanecer na cidade, porque as pessoas de Santa Maria merecem o balonismo – afirmou João, que voará todos os dias em um balão vermelho.
O retorno do festival foi anunciado em 22 de março. O evento será em uma área de três hectares na Rua dos Angicos, no Residencial Lopes. A Gare, local originalmente anunciado para a realização das decolagens, foi descartada por suas dimensões e por questões de segurança do público presente.
Segundo o Secretário de Turismo de Santa Maria, Ewerton Falk, o Festival de Balonismo terá "custo zero" para o município, por meio de uma parceria entre a prefeitura e empresas privadas, que assumiram o financiamento do evento. A entrada no evento é gratuita, enquanto os ingressos para voos podem ser adquiridos pelo telefone (55) 99113-6878 ou em contato com os organizadores, pela página oficial do evento no Instagram @santamariabalonismo.
No evento, além dos balões, a população terá acesso à praça de alimentação, água quente e erva mate para chimarrão, um parque de diversões e atrações musicais.
Confira a programação completa do festival
Quinta-feira, 10 de abril de 2025
• 14h - Início oficial do evento, com voo para a imprensa, patrocinadores e convidados especiais
Sexta-feira, 11 de abril de 2025
- 17h - 2º voo do festival
- 19h - carreata de fogos pelas ruas da cidade
- 20h30min - 1º Night Glow: carreata dos balões, seguida da inflação dos balões no local do evento
- 22h - encerramento das atividades
Sábado, 12 de abril de 2025
- 6h30min - 3º voo do festival
- 9h - abertura das atividades no festival
- 15h - Tchê Folia
- 16h - Matheus Dorber
- 17h - 4º voo do festival
- 19h - Banda Só Guri
- 20h30min - 2º Night Glow: carreata dos balões, seguida da inflação dos balões no local do evento
- 22h - encerramento das atividades
Domingo, 13 de abril de 2025
- 6h30min - 5º voo do festival
- 9h - abertura das atividades no festival
- 10h - mateada com o apoio da Erva mate Ximango
- 14h - Marcelo Camargo
- 15h - Banda Onda Sul
- 17h - 6º voo do festival (voo de encerramento)
- 18h - DJ Alessandro Maciel
- 20h - encerramento das atividades